5º BICICLOTUCATU ao quinto dos infernos dos motores. Ciclistas poucos em atitude extrema ao fechar a Rua Major Matheus e atravessar o portal do Pontilhão pra baixada em fúria. Bicicletas-gente arriscando retardar a marcha do cotidiano, diminuir a velocidade da máquina econômica e olhar nos olhos fundos de quem consigo trafega pelas lapas da vida. Buzinas soavam alto, passageiros do ônibus saíram às janelas com feições ameaçadoras, motociclistas ensandecidos revoltavam-se com muita estupidez estralando seus motores e avançando no meio dos ciclistas. Resta saber se esses motoqueiros temiam por desagradar o cliente com a pizza fria ou cometiam tais atrocidades por puro hábito de fazer do tempo um rival na caça ao tesouro diário. Que tesouro é esse? Quanto vale a vida? Quanto vale o corpo-olhar que passa desatento aos presentes constantes nos encontros da vida? Meu tesouro é viver junto contigo e fazer de ti meu aliado no tráfego de tudo.
Na Avenida Santana demos uma parada para assimilação de toda aquela barbaridade. Subimos andando em duplas ao lado direito da via no trecho mais íngreme. Já na altura da Diretoria Regional de Ensino retomamos a ocupação da via aos gritos constantes de MAIS AMOR MENOS MOTOR – MAIS BICICLETAS MENOS CARROS – MAIS ADRENALINA MENOS GASOLINA até chegar à frente da Prefeitura Municipal onde celebramos a chegada aos saltos, mãos dadas e cantos.
Dessa vez não fizemos o Sarau. Fizemos um chão redondo ali mesmo em frente ao abrigo do poder público de nossa cidade. Debate, reflexão e ação é uma necessidade nesse momento que chegamos. Já conquistamos bastante espaço nessas cinco edições. Queríamos agregar ciclistas e hoje somos um grupo razoável. Queremos ainda mais ciclistas juntos conosco, o que devemos fazer? Qual a importância que a bicicleta tem de fato em nossas vidas? Porque afinal estamos militando a favor dela? Que alternativa é essa que queremos expor à população de nossa cidade? Sim. Fica aqui o apelo do olhar pra si. Pra não sermos mal-compreendidos em nossas manifestações do BICICLOTUCATU. O que significa BICICLOTUCATU pra você?
Fernando Vasques
BICICLOTUCATU é movimento, é ação, é a forma do ciclista entrar em êxtase com seu alto plano de consciência e libertação plena.
Já que somos guardiões dessa idéia de confraternização da felicidade ciclística não podemos vacilar e cair nos temores dos motores. Deixemos acesa essa chama de esperança que é a força do movimento que emana na gente e que se manifesta no céu como uma estrela cadente. Eu vou seguir o brilho dessa luz que nos conduz a sintonia confraternizando pedaladas, frustrações, risos eufóricos, buzinadas, etc.
Aprendi muita coisa nessa 5° edição. Aprendi a amar meus companheiros ciclísticos, aprendi também a não criticar ou ter uma falsa impressão do meu amigo que deve ter passado por um dia difícil e acenar para ele levando alguma coisa positiva desse dia complicado. Também amo os motoristas pois sem eles nada disso existiria, eu não existiria, acredito que todos nós. Nosso papel aqui é despertar o próximo.
"passageiros do ônibus saíram às janelas com feições ameaçadoras, motociclistas ensandecidos revoltavam-se com muita estupidez estralando seus motores e avançando no meio dos ciclistas" - Sabe, essa cena não sairá de minha cabeça, ademais, nosso movimento é forte! E a impressão que temos de passar é de união e força!
BICICLOTUCATU não é passeio, não é voltinha, não é brricadeira de criança, não é esporte, não é atividade física, não é pouco expressivo, não é marginalização, não é diversão ingênua!!!!
BICICLOTUCATU é manifestação, é atitude, é protesto, é reivindicação, é ordem, é movimento, é ação, é caráter, é estilo, é parada, é greve, é exigência, é reclamação, é agitação, é cobrança, é ultimato para sair da hipocrisia cega e lutar por um mundo melhor, por uma sociedade melhor, se bem que é mais fácil ficar na praia e pedir que a maré não suba do que mudar a sociedade, por isso somos necessários aos muitos e aos gritos para destacarmos nossa mensagem!!!
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